Em Maraú, colégio estadual esbanja recursos e não atende necessidades dos estudantes

O blog tem a satisfação de receber a colaboração da jornalista Adriana Roque, que faz uma denúncia sobre o Centro Territorial de Educação Profissional do Litoral Sul (CETEP), de Maraú. Confira:
CETEP - Um flagrante do total descaso e desrespeito à Educação
CETEP – Um flagrante do total descaso e desrespeito à Educação 

CETEP_Maraú (2)

Como se não bastasse à lista dos grandes desafios a serem encarados hoje dentro da escola como a indisciplina, as dificuldades de aprendizagem, os problemas psicológicos e comportamentais, a violência, entre outros, de Maraú – município com 22 mil habitantes, a cerca de 250 km de Salvador -, soma-se a estes fatores a falta da oferta de educação regular nos centros de educação profissional. Ou seja, os estudantes são obrigados a se matricular no Centro Territorial de Educação Profissional do Litoral Sul (CETEP), com cursos na duração de quatro anos, pois o Município não oferece os cursos normais de três anos.

Por consequência, muitos pais de alunos são obrigados a sacrificar o sustento da família e custear despesas com transporte escolar particular para o deslocamento destes estudantes que precisam viajar todos os dias às 4h da manhã, para municípios vizinhos como Camamu, Valença, Itabuna etc. para que possam chegar ao colégio no horário das aulas. Diga-se de passagem, arriscando a vida e a saúde por conta das estradas esburacadas que em determinadas faixas não são asfaltadas.

Alguns pais de alunos não entendem por que o governo do Estado oferta regularmente o curso de Formação Geral, no distrito de Ibiaçú, com extensão no povoado de Barra Grande, com denominação de escola “Clemente Mariani”, e na sede do município de Maraú, não é ofertado, para dar a oportunidade de escolha para os estudantes que não querem curso profissionalizante. Importante destacar que na opinião da grande maioria da comunidade, o curso de Formação Geral, seria o mais viável, principalmente no que tange  à profissionais, preparando melhor os estudantes para uma possível aprovação no ENEM.

Descaso

O Centro Territorial de Educação Profissional do Litoral Sul (CETEP), não vem cumprindo o seu papel, visto que o citado Centro foi criado com o intuito de ser uma referência educacional no referido território e de ser uma instituição fomentadora da educação profissional, sobretudo por Maraú ser um indutor nacional do turismo e um município com forte vocação agropecuária.

Desde o ano de 2009, quando foi implantado, o CETEP vem apresentando baixos índices de matrícula com cursos como o de Agroecologia, chegando ao cúmulo de possuir turmas com menos de dez estudantes e o que é mais alarmante: baixíssimos índices de concluintes com estágio supervisionado. A gestão já vem sendo alertada sobre esta falta de estudantes cumprindo o estágio supervisionado, mas parece que não há uma vontade em resolver este problema.

Onde está o desmando? A educação profissional está estruturada para que os cursos dos turnos diurnos durem quatro anos, contando com a carga horária do estágio supervisionado. Acontece que no decorrer do curso, os estudantes podem optar por não fazer este estágio supervisionado, mas ainda assim, concluem o Ensino Médio Regular em quatro anos, ao invés de três anos como nas instituições de Educação Regular. Só para lembrar: não há oferta de Educação Regular nos Centros de Educação profissional.

Pelo menos, há de se notar dois crimes: um de ordem social, pois não oferta modalidades educacionais que atendam às necessidades da população marauense e outro de Responsabilidade Fiscal, pois está gastando recursos tão escassos em anos de crise econômica, mantendo os estudantes um ano a mais neste Centro com todas as despesas possíveis, visto que já se sabe que os mesmos irão assinar requerimento, pedindo dispensa do estágio supervisionado. Requerimento esse, obrigatório, já que o CETEP não oferta o referido estágio supervisionado, pela falta de profissionais habilitados. Condicionando, assim, os estudantes para alcançarem a conclusão do curso que seria profissionalizante.

Agravantes

Vale salientar que a educação profissional no CETEP apresenta muitos problemas, o que de certa forma têm afastado os estudantes que estão se dirigindo para estudar nas escolas dos municípios de Camamu e de Itacaré: professores assumindo disciplinas sem nenhum critério de escolha, com quase ou nenhuma experiência em sala de aula, tornando o Centro uma espécie de “Laboratório” para professores sem experiência e sem habilitação para atuar na Educação Profissional; alta rotatividade de professores, sendo o caso de haver várias trocas de professores de uma disciplina num único semestre; estudantes desmotivados, sobretudo pelo elevado número de aulas vagas.

Profissionalização

O CETEP – Litoral Sul não tem atendido aos objetivos que motivaram a sua implantação, pois nos últimos anos tem-se verificado baixos índices de estudantes estagiários, pois a grande maioria faz opção de não praticar o estágio supervisionado, concluindo apenas o Ensino Médio na modalidade Normal, trazendo total descrédito à instituição. Não se nota nenhuma articulação entre o CETEP Litoral Sul e as empresas da região ou do município, que seriam as receptoras destes estagiários.

Mais informações sobre o estágio supervisionado na gestão do Centro CETEPatravés do telefone (73) 3258-2035 ou pelo e-mail colegiojuracymagalhaes@hotmail.com


3 comentários sobre “Em Maraú, colégio estadual esbanja recursos e não atende necessidades dos estudantes

  1. Quero parabenizar a iniciativa da matéria. Realmente não temos direito a escolha ou fazemos esse “curso técnico” ou não temos outra opção.

    Eu sou a prova disso e estou sofrendo com esta imposição. Eu estudava em Itabuna mas, por motivos pessoais tive que voltar para Maraú e estou aqui sem estudar por falta de opção. Era pra me formar este ano, mas como no Município de Maraú não tem escola com Formação Geral que no caso é 1°, 2° e 3° ano. Apenas oferem esse curso profissionalizante assim eu fui na unidade escolar pra me informar e saber o que poderiam fazer. Disseram que no meu caso eu teria que voltar para o 1° ano novamente por conta das matérias que são específicas do curso profissionalizante.
    Isso é um absurdo porque eu não tenho direito de escolha. Resultado: estou aqui sem uma formação porque não posso cursar apenas o 3° ano se não fizer o curso completo.
    Fui em busca de um supletivo e também não oferecem. Então é assim a comunidade só tem essa opção para estudo. Estamos sendo obrigados por nao ter outra escolha.
    E mais, por que nos municípios vizinhos oferecem o curso normal e em Maraú não tem?
    No meu caso teria que ir pra Barra Grande terminar meu estudo lá, ou seja, no meu caso como tenho filho teria que fazer esse percurso todos os dias por falta de opção. Isso desestimula e desespera. Como irei me formar? Outra coisa se é tão difícil o tal estágio peça fundamental para a conclusão do curso porque ainda insistem nisso? Ou que continue a busca, mas que ofereçam o curso de formação geral também. Mais uma vez parabéns pela iniciativa. Temos que cobrar mesmo do governo e de quem é de direito.

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  2. É o seguinte sou membro do colegiado e representante dos alunos… E essa situação informada não é verdadeira, tem ate alguns fatos reais mais que ñ ocorrem da forma descrita. Percebo que este texto foi orientado por uma pessoa de incompetência questionável, incapaz de compreender as vicissitudes da Educação BRASILEIRA. O texto carece de fundamentos e é bem tendencioso e como a maioria dos textos tendenciosos acaba fazendo acusações infundadas, entretanto, há fatos que retratam uma realidade preocupante… Apenas peca por acusar a gestão de não tentar solucionar o problema… O que demonstra ou falta de informação ou tentativa proposital de prejudicar a gestão… Ao invés de alentar aqueles estudantes que buscam sair de uma estatística que massacra a população mais carente, prefere escrever textos sem nenhuma base concreta de veracidade… Porque não cita o fato de não termos transporte regular para vários destinos dentro do município para que os estudantes possam se deslocar até os locais de estágio Ou ainda que os empreendimentos de Maraú não tem documentação ou ainda não querem pagar pelo seguro obrigatório… Onde está o esbanjamento de dinheiro? Em mais um ano letivo? Mais um ano de aprendizado daqueles estudantes carentes? Gasto equiparado com a educação integral defendida pela UNICEF e UNESCO e prevista na L D B e na Carta Magna deste país…?
    Nos da gestão desta escola estamos fazendo o possível para melhorar a qualidade da educação, mas existe uma coisa chama burocracia que não permite fazer todas as melhorias solicitadas… Não esqueça que o Cetep é uma escola do governo do estado e o governador só promete e não cumpri… Seu texto ñ é recíproco… Deveria fazer uma retratação com informações verdadeiras… Como repórter não deveria acreditar em qualquer “informação” sem fundamentos… Boa Noite…
    Hendy Evellyn.

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  3. Bom dia! Sou professora do CETEP Litoral Sul – Comunidade Quilombola, localizado na cidade de Maraú, tbm sou membro do colegiado e gostaria de fazer algumas perguntas : 1. Que dinheiro é esse que a escola esbanja e do qual o Colegiado não tem conhecimento? 2. Porque quem escreveu esse texto não procurou se informar junto ao Colegiado sobre a REAL situação de nossa escola? 3. Sabiam que desde a 2009 que essa escola tenta inutilmente corrigir as falhas nos cursos e encontra uma coisinha chamada Burocracia (com B maiúsculo mesmo) e que o Estado inteiro enfrenta problemas similares? 4. Alguém aí sabe que não há transporte para o estágio e que tampouco há transporte regular para vários destinos onde possivelmente a escola poria estagiário se houvesse transporte? 5. Conhecem a realidade de nosso município e o fato de que locais de possível estágio não estão adequadamente documentados? 6. Se preocuparam em se informar sobre o fato de que existe um seguro obrigatório para quem vai fazer estágio é o fato de que os empresários, com raras exceções, não querem pagar? 7. Sabiam que esse é um município com dezenas de estudantes carentes? 8. Conhecem a educação defendida pelas leis que regem esse país? 9. O que sabem dos esforços dessa escola? 10. Sabem o quanto essa escola vem tentando mudar esse quadro? 11. Queremos escrever um texto responsável e digno de alguém que se auto-intitula jornalista? Te convidamos a passar uma semana conosco. Obrigada!

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