
Grego, como o chamávamos carinhosamente, morreu exatamente no dia 28 de março, domingo passado!
Com todo cuidado, Paulo Nunes me deu a informação no WhatsApp. A tristeza tomou conta de nós. Lembranças de 50 anos atrás vindo à memória.
Fomos colegas no 1º e no 2º ano científico do Colégio Batista Conquistense. Sérgio era um dos alunos mais brilhantes da classe. Participávamos da banda marcial do colégio, jogamos no mesmo time de futebol de salão, sempre ficávamos juntos para discutir as novidades musicais nacionais e estrangeiras. Frequentávamos as casas um do outro. No início de 1975, vim, com outros tantos colegas para Salvador, fazer o 3º ano e o vestibular. Conquista não tinha, ainda curso superior.
Sérgio veio no ano seguinte, aprovado no vestibular de Engenharia Civil, foi colega de Simone Andrade Quadros, na UFBA, numa extensão do coleguismo de Conquista.
Com todos frequentando a universidade (eu fazia Direito, à época) em qualquer folga no calendário estávamos em Conquista. No ano de 76 a turma toda frequentava o Xangô, uma boate no Centro da cidade, exatamente em frente onde é hoje o Hotel Shalako. Íamos muito também às festas de formatura no Clube Social, onde um paletó servia para mais de dez garotos (o que entrava no clube passava o paletó por uma abertura do muro e assim todos curtiam as festas).
Mas a vida foi tomando outro rumo, todos fomos ficando mais adultos e mesmo mantendo intacta a amizade, os encontros foram se espaçando. Eu e outros, que morávamos na Residência de Estudantes de Conquista (REC), visitávamos Sérgio no apartamento de uma irmã dele, onde ele morava. E ele visitava sempre a REC. Mas a roda-viva chegou para todos: trabalho, responsabilidade com as contas e afins.
Nos afastamos.
Há dez anos, eu e Paulo Rocha, o amigo-irmão Paulo Preto, fomos à casa de Sérgio, mas a conversa não prosperou.
Há pouco mais de dois anos, quando eu soube por Jota (João Carlos Barbosa) que haviam se encontrado em Conquista, e por conta da morte de Naldo (ex-ídolo do futebol conquistense e irmão de Sérgio), consegui o e-mail do Grego e mandei fotos da nossa época e tentei contato. Só durou dois dias. Em 6 de setembro de 2018, ele foi categórico ao afirmar que pretendia continuar distante, justificando a decisão devido a uma doença grave que o acometeu. Ao final desse post há um print da mensagem no WhatsApp.
O apelido Grego veio do fato de Sérgio ter trabalhado, ainda na adolescência, numa loja de artigos femininos de um cunhado dele, nascido na Grécia.
Em 4 de maio de 2020, quando da morte de de Aldir Blanc, seu parceiro há 50 anos, João Bosco, falou algo muito importante que agora tomo emprestado para amenizar a dor da perda de um ente querido: “Uma pessoa só morre quando morre a testemunha. E eu estou aqui pra fazer o espírito do Aldir viver. Eu e todos os brasileiros e brasileiras tocados por seu gênio.”
Então, eu, Paulo Preto, Paulo Nunes, Jota, Fernando Zamilute, Tião, Álvaro, Luiz Carlos Ribeiro, Hércules Vilares e tantos outros amigos e amigas somos testemunhas e por isso o Grego continuará vivo em nossas memórias, em nossas conversas. Em outra dimensão, além dos seus parentes, ele terá a oportunidade de se encontrar com Simone, Luciano Popó, Nivaldo Bozim, Erivaldo, o Peri, Grimoaldo, o Caculé, Pedro, primo de Caculé, Marcão Menezes, Clazildo, e tantos outros e outras que já partiram para a vida eterna.
Algumas fotos para lembrar antigos e alegres tempos:




Álvaro Amorim e Mário Sérgio – na loja do cunhado em que ele trabalhava














Carnaval de 1978. Clube da AABB, em Vitória da Conquista


Por José Bomfim Alves de Oliveira
Brown
Que linda homenagem ao seu amigo. Só as pessoas sensíveis são capazes de guardar e expressar lembranças, de forma tão carinhosa. Um abraço.
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Vc mudou pouco Bonfa. O jeito. Mesmo com fotos de longe dá para captar toda sua chinfra.
Pena o afastamento e a morte prematura de seu amigo. Mas João Bosco está certinho.
Em tempo, aquela Ivone da foto é a Ivone, que foi sua esposa? Vc a encontra, Brown, como ela lhe chamava.
Em tempo. Muito carinhoso o seu relato. Cheio de humanidade, algo em falta, companheiro.
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Sinceridade, emoção, amizade, respeito e um texto primoroso do Bomfim. Não conheci, mas o clima dos anos 70 (meu D’us, eu também usei essas estranhas calças e camisetas chuchu-beleza!) está presente. Belíssima homenagem, mermão!
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Fiquei tão comovida com essa singela homenagem! somos as nossas histórias e as partilhas com amigos que sempre estarão conosco! viajei no tempo e num ambiente rico de trocas de afeto e aprendizado
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Saudades,o que posso dizer amigo!🙌🙏
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Memória, história e lembranças que reacendem uma Conquista hoje apagada.
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Puxa, Cláudio, que saudosismo, que nostalgia tão comovente, que texto exuberante. Fiquei emocionado do começo ao fim com tamanha sensibilidade, com tanto amor…
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Perfeito texto, Zeca, que além da lembrança, marca história e a memória. E trouxe muita emoção. Dos melhores seus.
Maravilha.
É um deslocar-se no tempo.
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Lindas lembranças.
Excelente homenagem.
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Linda homenagem, Brown, e trouxe grandes lembranças.
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Ele tinha um olhar melancólico; mas além de uma homenagem terna de um amigo, é também um texto de esperança: a memória é um pedaço dos que partiram deste plano que permanece conosco. E as fotos não me deram tristeza, mas uma sensação boa, foi vivido, foi real, foi feliz. PS: e Jota, quem diria hein!? Um pão!
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Sensível e justa homenagem, Bomfim. Que o Grego descanse em paz!!!
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Valeu, Fernando!
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