
Quando você vê amigos da mesma faixa de idade partindo para aquela viagem misteriosa, começa a entender que o tempo está em contagem regressiva. Não há como alterar a fórmula do viver nesse planeta.

Em 31 de março de 2019, tomando o café da manhã no Shalako (hotel bem agradável, no Centro de Vitória da Conquista) tivemos (eu e Clélia) a oportunidade de conversar um pouco com Marcelo.

Conheci Marcelo em meados dos anos 70, me foi apresentado (e toda a família) por Paulo Rocha, que orgulhosamente é mais conhecido como Paulo Preto. Conheci Gilson Moura Filho, o irmão mais velho de Marcelo e que viria a ser meu colega na pensão de Seu Alberto e de dona Anália, pai e mãe de Jota (João Carlos Ferraz Barbosa), na Rua Direita da Piedade, em Salvador, em 1975. Fizemos o vestibular em janeiro de 1976.
Só fui reencontrar Marcelo no Shalako, onde sempre me hospedo com Clélia, quando vamos a Conquista. Nós o víamos sempre quieto, com a roupa branca de cirurgião dentista respeitado da cidade.
E nesse dia 31 de março de 2019 conversamos mais do que todo o tempo em que nos conhecemos. Elogiamos a seleção musical do hotel e ficamos sabendo que ele é quem escolhia as canções. Falou também do seu apego ao rádio (provavelmente herança do DNA paterno).

Gilson Moura, seu pai, falecido em 25 de outubro de 2012, foi um dos ícones do Rádio Conquistense.
Marcelo pediu licença e dez minutos depois reapareceu, trazendo um CD com 15 músicas brasileiras e internacionais. Um presente maravilhoso!


Sexta-feira, 29 de outubro de 2021, meu irmão Kadu (que estava hospedado no Shalako) me informa ao amanhecer que Marcelo morreu durante a madrugada.
Mais tarde, por outros amigos fiquei sabendo que Marcelo sofreu um AVC em 13 de outubro. Desde então ficou internado. Faleceu no Hospital Samur, em Conquista, devido a uma parada cardíaca.
Uma tristeza!
E a morte perderá o seu domínio. Repete em minha memória Dylan Thomas, mas será mesmo?
É o destino inescapável. De repente, você percebe que aquele rapaz de 17 anos, cheio de sonhos, hoje parte aos 61 anos. Mas – lembrando o poema José, de Carlos Drummond de Andrade – parte para onde?
Alguns dirão, “para outra dimensão”. Mas suas memórias serão juntadas a outras em um amplo HD universal? Conjecturas. Desculpas de quem ficou, na tentativa de aplacar a dor da saudade. Repito o que disse João Bosco quando da morte de Aldir Blanc “Uma pessoa só morre quando morre a testemunha”. Enquanto houver testemunha de Marcelo, ele estará vivo! Que esta postagem represente as amizades que Marcelo fez, suas testemunhas.


Clique na imagem abaixo e veja também a homenagem especial que Fernando Zamilute fez no Blog do Paulo Nunes:

Valter Freire commented on Marcelo de Souza Silva Uma homenagem dos amigos de Marcelo de Souza Silva, cirurgião dentista em Vitória da Conquista, que partiu em 29 de outubro de …Eu não conheci Marcelo. Talvez o tenha visto, criança, pelas ruas de Conquista. Mas você, Bomfim, o conheceu. Fernandinho Zamilute o conheceu. E conviveram quando ocuparam, simultaneamente, o doce espaço na juventude. Eu conheci o pai, o essencialmente comunicador Gilson. Ah, a Rádio Clube de Conquista. Quantos atendimentos aos ouvintes! E quanta emoção envolvia as casas e almas com “Petit fleur”, música que abria e fechava o programa noturno da Rádio. Essa música fascinava depois descobri que o fascínio dela era sensualidade. Poucos sabiam o nome da música. E poucos sabiam que o autor é o mestre Henri Salvador, um dos deuses negros do jazz, indiretamente também um dos pais da bossa nova. E Henri Salvador, francês, grudou na mente e alma de muitos conquistenses. E Fernando Zamilute, para homenagear o Marcelo, colocou a música para dizer : tu fleuriras toujour, Marcelo. Ou: você vai sempre florescer, Marcelo! |
Marcelo ser humano de primeirissima qualidade com quem tive a honra e o privilegio de ser colega de turma na escola Normal . INTELIGENTE HUMILDE SEMPRE PRESTATIVO . VC FARA FALTA , E MUITA .
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Eu não conheci Marcelo. Talvez o tenha visto, criança, pelas ruas de Conquista. Mas você, Bomfim, o conheceu. Fernandinho Zamilute o conheceu. E conviveram quando ocuparam, simultaneamente, o doce espaço na juventude. Eu conheci o pai, o essencialmente comunicador Gilson. Ah, a Rádio Clube de Conquista. Quantos atendimentos aos ouvintes! E quanta emoção envolvia as casas e almas com “Petit fleur”, música que abria e fechava o programa noturno da Rádio. Essa música fascinava depois descobri que o fascínio dela era sensualidade. Poucos sabiam o nome da música. E poucos sabiam que o autor é o mestre Henri Salvador, um dos deuses negros do jazz, indiretamente também um dos pais da bossa nova. E Henri Salvador, francês, grudou na mente e alma de muitos conquistenses. E Fernando Zamilute, para homenagear o Marcelo, colocou a música para dizer : tu fleuriras toujour, Marcelo. Ou: você vai sempre florescer, Marcelo!
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