Em 1971, a repressão de Estado era forte, a guerrilha urbana mantinha o enfrentamento. O capitão Carlos Lamarca era um dos mais procurados pela repressão. Com a prisão em Salvador, em agosto, de um militante que conhecia seu paradeiro e a localização de um aparelho onde se encontrava Iara Yavelberg, companheira de Lamarca desde 1969 (Iara suicidou-se com um tiro de revólver no dia 23), os órgãos de segurança iniciaram o cerco à região. Depois de um tiroteio entre a polícia e os irmãos de José Campos Barreto, o Zequinha, que acompanhava Lamarca, os dois iniciaram uma fuga pela caatinga, percorrendo cerca de 300 quilômetros, em 20 dias.
Era 17 de setembro de 1971, em uma das poucas sombras do povoado de Pintada, na caatinga de Ipupiara, na Bahia, Lamarca e Zequinha foram alvejados por agentes federais. Morria um dos maiores líderes da oposição armada à ditadura no Brasil, apontado como responsável por atentados e a morte de militares.
Desde então ficou a questão: herói ou vilão? Notícia no Estadão, em 18 de outubro, começa a dar um rumo ao questionamento:
Tribunal reconhece direito de Lamarca a promoção
Capitão, executado em operação da ditadura em 1971, será promovido post mortem à patente de coronel, com proventos de general de brigada
18/10/2014 – 05h30
Texto: Roldão Arruda e Fausto Macedo, Estadão
Zeca em 1971 minha mãe foi pagar uma promessa e Bom Jesus da Lapa por eu ter voltado a andar, nós fomos de pau de arara, eu tinha 7 anos e Zé Carlos 5. Na viagem , na ida e também na vinda o caminhão que transportava os romeiros foi parado e os romeiros foram abordados por um caminhão do exercito e eles diziam que estavam procurando ciganos que estavam praticando desordem naquela região . Anos depois eu vim saber que era a caça ao capitão Lamarca. Isso me marcou muito depois ler e ouvir relatos de pessoas que participou da caçada naquela época, mas isso tudo faz parte da historia. Um abraço e muita paz.
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Interessante, João. É um recorte da História, e que veio aumentar a informação do blog.
Abraços
Lembranças a todos.
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Decisão histórica, sinal dos novos tempos. Temos direito à verdade da história, que terá que ser recontada
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Nem herói nem vilão. Apóio a promoção que reverte em pensão para os dependentes, pois ele fez uma escolha que mutilou a carreira e a própria vida acabou ceifada.Creio numa decisão generosa, mas felizmente apóstolos de um mundo novo, de um homem novo, como previa Che, acabaram derrotados. Anote aí, não estou aqui defendendo o assassinato dos dois e de tantos outros jovens (alguns nem tanto) pela ditadura brasileira e suas congêneres pelo mundo afora. Como todo ser civilizado sou contra o arbítrio, sevícias e acho que todos os que ficam sob a guarda do Estado, sejam presos ditos comuns ou políticos, opositores de consciência e o quê mais for – precisam ser tratados de forma humana, tendo a dignidade respeitada.
O problema é imaginar o que seria se as revoluções da década de 60 e até 70 triunfassem… Essas pessoas generosas souberam ser implacáveis na busca de seus objetivos e ainda mais no exercício do poder, em nome dos pobres, dos injustiçados, etc. Líderes sebastianistas, salvadores da pátria em nome da liberdade e da justiça – às vezes em nome de religiões ou contra elas – abusaram da desumanidade. Enfim, a coisa é longa, mas precisamos de um país que prescinda dos salvadores da pátria. Abs, estou ainda sem tempo para esses diálogos grande Bonfa.. Té mais
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