O adeus a João Carlos Sampaio e a Arlindo Félix

João Carlos Sampaio. Foto: ciclosdejornalismo.blogspot.com
João Carlos Sampaio. Foto: ciclosdejornalismo.blogspot.com
Em março deste ano encontrei-me com João Carlos Sampaio, rapidamente, no café da manhã no Hotel Shalako, em Vitória da Conquista. Eu estava em férias. Ele, trabalhando, foi à Terra do Frio para cobrir a homenagem póstuma que a Câmara de Vereadores local prestou à mãe de Glauber Rocha, dona Lúcia Rocha, morta em 3 de janeiro deste ano, como noticiou o blog.  A data escolhida, 14 de março, era também a do aniversário de Glauber.
O encontro com João foi rápido, “nunca mais trabalhou em jornal?”, perguntou-me. Elogiei sua coluna em A Tarde.  Nos despedimos.
João nasceu em Aratuípe, Bahia, tinha 44 anos e consolidou sua carreira de jornalista como um dos principais críticos de cinema. Escrevia em A Tarde desde 1995. 
Hoje, 2 de maio, me deparo com a triste notícia de sua morte. Ele estava em Recife e cobria o 18º Cine PE. As informações é de que passou mal na madrugada desta sexta, foi levado ao Real Hospital Português, na capital pernambucana, mas no caminho sofreu uma parada cardiorrespiratória e não resistiu.
Luiz Carlos Merten, crítico de cinema, e que também estava cobrindo o 18º Cine PE, escreveu em O Estadão a tristeza que a morte de João Carlos Sampaio causou a todos. Confira.
No sábado, 26 de abril, quem partiu foi Arlindo Félix, repórter fotográfico de A Tarde por muitos anos e com o qual tive a oportunidade de trabalhar e aprender um pouco mais da profissão de jornalista. Sempre em busca do melhor ângulo e da luz perfeita para passar a melhor informação ao leitor, Arlindo Félix foi uma referência no jornalismo em meio século de atividade profissional. Confira mais informações sobre ele.
Arlindo Félix
Arlindo Félix – Foto: A Tarde (em reprodução do Facebook)

 O olhar de Arlindo Félix no Jornalismo: http://foco.atarde.com.br/2015/reporter-fotografico/

Sempre que a morte surpreende alguém que ainda tinha muitos planos para desenvolver, eu lembro de Dylan Thomas e de seu poema que para mim é um hino nesses momentos:
E A MORTE PERDERÁ O SEU DOMÍNIO
E a morte perderá o seu domínio.
Nus, os homens mortos irão confundir-se
com o homem no vento e na lua do poente;
quando, descarnados e limpos, desaparecerem os ossos
hão-de nos seus braços e pés brilhar as estrelas.
Mesmo que se tornem loucos permanecerá o espírito lúcido;
mesmo que sejam submersos pelo mar, eles hão-de ressurgir;
mesmo que os amantes se percam, continuará o amor;
e a morte perderá o seu domínio.
E a morte perderá o seu domínio.
Aqueles que há muito repousam sobre as ondas do mar
não morrerão com a chegada do vento;
ainda que, na roda da tortura, comecem
os tendões a ceder, jamais se partirão;
entre as suas mãos será destruída a fé
e, como unicórnios, virá atravessá-los o sofrimento;
embora sejam divididos eles manterão a sua unidade;
e a morte perderá o seu domínio.
E a morte perderá o seu domínio.
Não hão-de gritar mais as gaivotas aos seus ouvidos
nem as vagas romper tumultuosamente nas praias;
onde se abriu uma flor não poderá nenhuma flor
erguer a sua corola em direcção à força das chuvas;
ainda que estejam mortas e loucas, hão-de descer
como pregos as suas cabeças pelas margaridas;
é no sol que irrompem até que o sol se extinga,
e a morte perderá o seu domínio.

(tradução: Fernando Guimarães)


15 comentários sobre “O adeus a João Carlos Sampaio e a Arlindo Félix

  1. Bomfa:

    Foi com muita tristeza que recebi a notícia da morte de João Carlos Sampaio. Não o conhecia pessoalmente, mas acompanhava suas críticas de cinema pelo jornal.É isso, amigo, a morte que não marca hora para chegar…
    Abs

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  2. Essas duas perdas me fazem deixar para lá a pressa das atividades do trabalho para dizer que apenas um comentário, de Biaggio Talento, (família que tem um sobrenome premonitório): “que fase!”.
    Expressa quando procurei, ontem, informações sobre a morte de João Carlos Sampaio. Enterro, essas coisas… e aproveitei para acrescentar: más notícias.

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  3. Aqueles que amamos nunca morrem, apenas partem antes de nós.
    – Amado Nervo,
    Paz a todos eles nessa nova jornada e conforto ao que ficaram!

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  4. É, reis, quando a gente era criança ou adolescente a morte parecia muito distante, uma coisa do outro mundo, hoje ela tá tão próxima, que me assusta um pouco. A notícia da morte tem um sentido diferente hoje em dia, quando morre um conhecido da nossa geração, parece que a gente morre um pouco também.

    Abs, Nilton

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  5. Bonfa,
    foi um choque essa notícia da morte de João Carlos, que recebi ainda pela manhã. Nossas poucas conversas foram reveladoras de um cara gentil, atencioso, conhecedor, bom colega. Respirava cinema, e talvez você não saiba, mas até o hotel onde vocês se encontraram remete à sétima arte: “Shalako” é o título de um filme da década de 60, um western com Brigitte Bardot e Sean Connery, que eu não tinha visto ainda e adquiri mês passado.

    De Arlindo, bem mais a dizer: foi colega próximo por muitos anos e, numa dessas “coincidências” da vida, horas antes de saber da notícia de sua passagem para outros planos, olhei pra estante da sala e me deparei com um pequeno sabonete em forma de coração, forrado de vermelho e com um cartãozinho afixado, estampando a imagem de Santa Bárbara: eu o trouxe da casa de Arlindo, lembrança de um caruru de Iansã que ele promoveu, e foi a única vez em que fui na casa dele. Que ambos estejam viajando na Luz divina…

    Beijo,

    Berna Farias

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  6. Grande lembrança… e os colegas estão em outro lugar, outro mundo, sei lá…!
    Abraço, Bomfa,

    Rasec, em dia triste!

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  7. ufa, Bomfim
    a notícia do João Sampaio me derrubou.
    Acrescento: torcedor ferrenho do Vitória, João Sampaio era jornalista profissional, começou no Bahia Hoje, anos 90, trabalhou na equipe de Comunicação da PMS (administração Imbassahy), era colunista de cinema do jornal A TARDE.

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  8. Em Sexta-feira, 2 de Maio de 2014 16:22, nadjavladi (via Twitter) marcou como favorito no Twitter @BomfimBrown
    adeus a João Carlos Sampaio e a Arlindo Félix
    wp.me/pjRuQ-Ut

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