Joaquim e a seleção de Conquista dos anos 50

Joaquim num momento de reflexão
Joaquim num momento de reflexão
Joaquim Rodrigues de Oliveira tem boa memória, que fica ainda melhor quando as lembranças são de pura alegria. Entre elas os domingos dos anos 50, quando a sua maior diversão era ver o futebol conquistense. Os times da época tinham ídolos – inimaginável para os dias atuais – que trabalhavam em profissões comuns e conviviam com todos na mesma cidade.

Era um tempo em se dava valor a tudo que se conquistava honestamente. Ser formado em datilografia era muito importante para arrumar emprego
Era um tempo em que se dava valor a tudo que se conquistava honestamente. Ser formado em datilografia era muito importante para arrumar emprego
Sapateiro era olhado com admiração. Sapataria além de ofício era uma arte
Sapateiro era olhado com admiração. Sapataria além de ofício era uma arte

 

 

As lembranças remetem a memória de Joaquim ao período de 1950 a 52. “A cidade, claro, era bem diferente da metrópole que é hoje. Tudo era mais simples. Saído da adolescência, eu tinha muitos sonhos, precisava trabalhar, mas os domingos eram mesmo para o futebol. Descalço, porque ter sapato era luxo, eu ia ver os times de Conquista jogar. Mas o que me motivava mais era mesmo a seleção amadora de Conquista. Que seleção…”.
Joaquim e sua querida esposa Bete
Joaquim e sua querida esposa Bete
A memória não o trai e Joaquim lembra direitinho da escalação: “O goleiro era Eduardo; os dois zagueiros, Zelito Buraco e Capixaba; Dedéu e Lídio correspondiam ao que hoje chamamos de laterais ou alas; na meiúca ficavam Louro Pacajá e Cícero Cor de Rosa; e o ataque era formado por Dori Correia, Vavá Correia, Vade Borba e   Bequinho”.
Humaitá - anos 50 - fonte Taberna da História do Sertão Baiano
Humaitá – anos 50 – fonte Taberna da História do Sertão Baiano

 

Comerciário -1957 - fonte Taberna da História do Sertão Baiano
Comerciário -1957 – fonte Taberna da História do Sertão Baiano

 

 

 

 

 

“ Era bola de pé em pé, raramente tinha chutão. Era bonito de se ver, muito bonito mesmo”, garante o torcedor do futebol arte.
E ele dá detalhes dos atletas. “Eduardo era um goleiro que não enfeitava as defesas. Era competente e dava segurança para a equipe e a torcida. Os laterais eram fortes, dificilmente eram batidos. A dupla de zaga era clássica, gostava de tirar a bola dos atacantes sem falta e ainda driblá-los. Louro e Cícero (Cor de Rosa porque era como ficava seu rosto quando ele bebia umas e outras) não paravam um só momento defendiam e atacavam como não se vê atualmente. E o ataque só tinha jogadores velozes e dribladores”, analisa.
Para um dos craques Joaquim tem comentários mais específicos: “Zelito Buraco era a grande estrela. Só entrava em campo depois que toda a equipe havia entrado. Então recebia os aplausos da torcida e agradecia com um gesto de dobrar os joelhos e fazer um movimento com o braço direito, como se estivesse num palco e fosse um artista agradecendo a plateia”.
Zelito, em foto de 16 de agosto de 1966, no casamento de sua filha Geralda Souza Silva
Zelito, em foto de 16 de agosto de 1966, no casamento de sua filha Geralda Souza Silva
E isto se justificava porque Zelito também era músico, craque do trompete seguia a linha dos jazzistas de época. Assim, sempre após os jogos seu ritual era tomar o banho, vestir o terno de linho completamente branco e ir para o palco mostrar seu talento musical.
São momentos que ficam eternizados na memória de quem os viveu e também dos privilegiados que ouvem as pessoas da época da Vitória da Conquista cinquentista.

9 comentários sobre “Joaquim e a seleção de Conquista dos anos 50

  1. Bom dia João

    É uma felicidade saber de você, de seu pai, de sua família. Lembro de todos, apesar de ter saído da nossa Conquista há tantos anos.
    Abraços a todos.

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  2. Sou conquistense, fora da terra do frio há tempos. Quando leio uma informação assim fico feliz por saber de minha terra natal e pelas lembranças que me deixam bem saudoso.

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  3. A gente vê o futebol hoje como um lucrativo negócio, mas sem a alegria natural de antigamente. Leio a escalação da Seleção de Conquista e imagino como o Sr. Joaquim era feliz naqueles domingos de jogo.

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  4. Ótimo post. Fala de uma época em que o futebol era um espetáculo mais natural. Viva a memória de seu Joaquim.

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  5. Muito bom saber da velha Conquista. A nova não me interessa tanto, por isso não faço planos para viajar. Mora em Sampa, mas sou conquistense da gema. E viva a Seleção do Sr. Joaquim.

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  6. Tenho certeza que seu Joaquim não se lembra de mim, mas me lembro dele da Rua Guarani. Saí de Conquista, moro há muito tempo em São Paulo e fiquei contente em ler sobre minha cidade e uma pessoa que conheço nesse blog. Um abraços para os conquistenses.

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    1. Adroaldo, eu sou filho do Sr Joaquim moro no bairro guarani e minha residência fica na rua Castro Alves , próximo ao poço escuro na rua da Barragem, vc deve mim conhecer sou o filho dele mais velho. abraço a vc e família.

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  7. O que o blog apresenta é muito bom. Nasci em Conquista, mas há muitos anos moro em São Paulo. Mas lembro que meu pai falava de alguns desses jogadores citados por Joaquim. Senti muita saudade. Obrigado pelas notícias e parabéns ao Joaquim por manter as lembranças tão presentes.

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