Palocci, da fortuna rápida, cai. Assume a Casa Civil a senadora Gleisi Hoffmann

E aconteceu o que quase todos esperavam: o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, caiu. Enrolou-se nas próprias tramas. No movimento estudantil orgulhava-se de ser trotskista, na idade madura revelou-se longe do que pregava seu ídolo. Em todo lugar público que passou deixou rastros de sujeira. Desde quando foi prefeito de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, coleciona escândalos e todos eles baseados na corrupção. Até hoje se safou, protegido pelo emaranhado dos recursos legais e de ter nos lugares certos os juristas da hora. É o segundo peso-pesado petista que cai na Casa Civil. O primeiro foi José Dirceu, no governo Lula.
A substituta de Palocci é a senadora do PT do Paraná, Gleisi Hoffman. Considerada especialista em orçamento, foi a primeira mulher a assumir uma diretoria de Itaipu Binacional, em 2003.
Nos bastidores políticos dizem que Lula, “o cara”, queria que ele continuasse no governo. Todos se lembram, e o blog falou do assunto, de Lula desembarcando no Senado e, junto com Sarney, dando um freio de arrumação na base do governo para demonstrar que o apoio ao Palocci era unânime. Mas a população queria apenas que o ministro explicasse a origem de sua fortuna-flash. É um homem público e nessa situação não deveria pairar suspeitas sobre sua pessoa. As explicações foram piores do que o silêncio.
Acompanhe as “confusões” do Palocci:
Em agosto de 2005, Palocci caiu no olho do furacão da crise política que ameaçou a Presidência de Lula. Num depoimento à polícia e ao Ministério Público de São Paulo, o advogado Rogério Buratti, ex-secretário de Governo da primeira gestão de Palocci como prefeito de Ribeirão Preto (1993-1996), acusou-o de receber um mensalão de 50 000 reais de uma máfia de empresas que fraudavam licitações públicas de coleta de lixo em prefeituras de São Paulo e Minas Gerais. Reportagem de VEJA ainda revelou que grampos telefônicos continham indícios graves de que Buratti fazia lobby no gabinete do ex-ministro da Fazenda: sabia quem se reunia com o Palocci e marcava encontros para empresários.
Em depoimento à CPI dos Bingos, Buratti ainda afirmou que foi consultado “a pedido de Palocci, segundo lhe disseram “sobre como a campanha de Lula poderia proceder para trazer ao país 3 milhões de dólares de Cuba.
Também pesaram contra Palocci a acusação de que montou um caixa dois para o PT quando passou pela prefeitura de Ribeirão Preto e as evidências de que seus ex-assessores de Ribeirão Preto enxergaram a ascensão do chefe ao Ministério da Fazenda como uma oportunidade para fazer negócios obscuros.
A situação do ministro passou a se deteriorar ainda mais quando, em 2006, o motorista Francisco das Chagas Costa e o caseiro Francenildo dos Santos Costa, ambos em depoimento à CPI dos Bingos, disseram que Palocci era assíduo frequentador de um casarão brasiliense em que a turma de Ribeirão Preto promovia negócios diurnos e festas noturnas. Francenildo chegou a dizer que todos por lá chamavam o político de “chefe” e que tudo ali era pago em dinheiro vivo, que circulava em malas, dividido em notas de 50 e 100 reais.
Nenhuma das denúncias, porém, comprometeria mais Palocci do que a revelação de que os computadores da Caixa Econômica Federal, banco estatal sob o comando do Ministério da Fazenda, foram bisbilhotados ilegalmente para emitir um extrato da conta bancária de Francenildo Costa. Segundo a Procuradoria-geral da República, os extratos bancários do caseiro foram entregues nas mãos do então ministro em sua casa na noite de 16 de março de 2006. Palocci chegou a ser denunciado pelo crime, mas escapou de uma punição no Supremo Tribunal Federal. O episódio, porém, custou-lhe o Ministério da Fazenda.
Agora, Palocci se viu às voltas com a revelação de que multiplicou por 20 o seu patrimônio em apenas quatro anos. Uma empresa de sua propriedade, a Projeto, comprou dois imóveis (um escritório de mais de 800.000 reais e um apartamento de mais de 6 milhões de reais). E o ministro resiste a revelar quem eram seus clientes na Projeto para justificar a evolução do patrimônio. Circula também a informação de que Palocci teria destinado 225.000 reais em emendas parlamentares a uma entidade presidida pela sua cunhada.
Não adiantou Lula e Sarney fazerem campanha pela permanência do ministro, nem o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, arquivar o processo, a presidente Dilma – que havia defendido seu subordinado – percebeu que o primeiro governo de uma mulher estava indo para o vinagre. Não quis esperar mais delongas de Palocci, convidou-o a sair, convocou a senadora Gleisi Hoffmann para o lugar dele e aproveitou a maré alta para despachar o ministro das Relações Institucionais, Luís Sérgio, apelidado de garçom pelos parlamentares, porque só anotava os pedidos.
Falando em apelidos, a Gleisi Hoffmann, esposa do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, é chamada de Lady Gaga e Barbie pelos – ela os considera assim – machistas senadores. Ex-diretora financeira de Itaipu, tem fama de ser “esquentadinha” numa discussão. Gleisi vai para a Casa Civil fazer o que Dilma fez na época do presidente Lula: coordenar as ações de todos os outros ministérios.

5 comentários sobre “Palocci, da fortuna rápida, cai. Assume a Casa Civil a senadora Gleisi Hoffmann

  1. Oh Brown, o curioso é que na era Lula-Dilma, a única pessoa a sair incôlume da Casa Civil se elegeu presidente da República. José Dirceu, Erenice Guerra e Antônio Palocci tropeçaram feito. Eis o desafio da senadora, que caso se enrole levará Paulo Bernardo junto!

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